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Páginas Criativas

Um blog onde a imaginação e a realidade podem andar de mãos dadas com a ESCRITA. Gostas de escrever? Partilha os teus textos connosco. Envia-os para o email: bibliotecasesagtn@gmail.com

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Texto da autoria da Mariana (9º ano) - texto participante no 3.º escalão do Concurso Uma imagem, Uma História

mês de fevereiro

01.05.21

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A mendiga

      Era uma tarde de quinta-feira, eu e a minha mãe estávamos a ir para o shopping. A certa altura, olhei para o lado e vi uma mendiga. Eu sempre gostei de ajudar pessoas, mas nunca tive muitas oportunidades, pois os meus pais não aprovam que eu tenha contacto com pessoas de um estatuto social mais baixo que o meu, visto que somos milionários.

      A minha mãe não estava a prestar atenção, então peguei em metade do meu dinheiro que levava para fazer compras e dei à pobre mendiga. Ela pareceu ficar muito feliz e isso deixou-me com uma sensação muito boa. Decidi então que iria tentar ajudá-la o máximo possível.

      Os dias foram passando e fui arranjando várias desculpas diferentes para ir ao seu encontro, dizendo que ia fazer trabalhos a casa das minhas amigas, que ia ver o meu namorado ou simplesmente que ia comprar um lanche.

      Naturalmente, fui-me aproximando dela e tornámo-nos amigas. Por isso, contou-me como se sentia insegura devido à sua aparência, visto que não tinha dinheiro para cuidar dela mesma. Fiquei tão comovida que comecei a dar-lhe uma quantidade maior de dinheiro para que pudesse satisfazer as suas necessidades e pudesse cuidar da sua aparência, como cuidar do seu cabelo castanho emaranhado e a sua pele suja. Eu, por outro lado, contei-lhe como gostava e me satisfazia ao ajudá-la e como gostava de poder fazer isso aos outros. Ela então sugeriu-me que fizesse trabalho voluntário, ideia que nunca me tinha passado pela cabeça, pois os meus pais nunca aprovariam. No entanto, fiquei a pensar no assunto e decidi fazê-lo na mesma, visto que os meus pais são tão ocupados que nunca iriam notar a minha ausência.

      No início, tudo correu como o planeado. Os meus pais nem me questionavam o porquê de sair de casa tão frequentemente, mas com o passar do tempo o meu dinheiro começou a acabar. Acho que me entusiasmei demais com a ideia de a ajudar a tratar da aparência… Mas eu não ia desistir tão facilmente, então comecei a vender algumas coisas minhas e eventualmente dos meus pais. Até que um dia foi tudo por água abaixo: a minha mãe apanhou-me a roubar o colar de pérolas dela e tive de lhe contar tudo. Ela ficou furiosa, meteu-me de castigo por semanas, proibiu-me de ver a mendiga e fez-me desistir do trabalho voluntário.

      Ainda consegui fazer-lhe uma última visita e contar-lhe o que acontecera. Ela entendeu a situação e prometeu-me que ia fazer de tudo para melhorar a sua qualidade de vida.

      Anos passaram e nunca mais soube nada dela.

      Nunca mais fiz nenhum trabalho voluntário. Tinha seguido a minha vida, até que um dia…a tragédia aconteceu!

      Fui acordada a meio da noite pelos meus pais que estavam em pânico. A minha casa estava em chamas e tínhamos de sair de lá o mais rapidamente possível. Perdemos toda a nossa fortuna naquele incêndio e ficámos sem lugar para onde ir.

      Ficámos na rua por uns dias até que surpreendentemente apareceu a mendiga, que de mendiga já não tinha nada. Estava irreconhecível.

      Aparentemente, depois de perdermos o contacto, ela continuou a cuidar-se e começou a candidatar-se a agências de modelo, até que um dia alguém viu o seu potencial e ajudou-a. Estava finalmente a crescer na sua carreira de modelo.

      Ela ofereceu-nos abrigo até conseguirmos reconstruir a nossa vida e ter estabilidade financeira.

      Os meus pais finalmente reconheceram como receber ajuda faz a diferença na vida das pessoas e hoje em dia fazemos trabalho voluntário.